Sábado da dignidade humana e glória de Deus

 


 

Os primeiros cristãos tinham uma profunda consciência de que em Cristo viviam vida nova na Graça do Espírito. Diferentes dos mortos que jazem nas trevas do mundo, eles eram os vivos (2Cor 4,11), cheios da Graça de Deus e com a sublime missão de ser “sal da terra e luz do mundo”.

 

Porém, eles também tinham a consciência de que levavam o precioso tesouro da vida nova da Graça de Deus em “vasos de barro” para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não do homem, e de que o homem deve zelar pela sua dignidade em vista do vaso não se quebrar e o preciso conteúdo ser derramado e desperdiçado (2Cor 4,7).

 

É nesta perspectiva de salvaguardar a dignidade humana, a fim de que o vaso de barro não se quebre, que devemos interpretar a espiritualidade do sábado promulgado por Deus:

 

Dt 5,12 Guarda o dia de sábado, para o santificares, como o Senhor teu Deus te mandou. 13 Trabalharás seis dias e neles farás todas as tuas obras. 14 O sétimo dia é o do sábado, o dia do descanso dedicado ao Senhor teu Deus. 15 Lembra-te de que foste escravo no Egito e que de lá o Senhor teu Deus te fez sair com mão forte e braço estendido. É por isso que o Senhor teu Deus te mandou guardar o sábado.

 

Na Bíblia Sagrada sábado não é bem um dia do calendário, até porque o próprio calendário não consegue acompanhar a cronologia do tempo de forma precisa. Ninguém garante que o 7º dia da semana de hoje coincide realmente com o 7º dia da criação do mundo, porque é impossível marcar os movimentos de rotação e translação da terra com precisão nos dias de hoje, quanto mais nos tempos antigos.  

 

Sábado é mais que um dia do calendário. Sábado significa dia de descanso para salvaguardar a dignidade humana e glorificar o Deus da Vida. O princípio moral da Lei de Deus é este: a cada seis de trabalho, um deve ser o sábado, ou seja, o dia de descanso.

 

No dia de descanso o homem de barro recarrega as energias do corpo, reintegra a sua personalidade, suaviza a mente, convive mais com a família e adora Deus. É assim que ele santifica o dia de sábado.

 

Quando os judeus se estabeleceram na Palestina eles organizaram a sociedade de tal forma que todos descansavam no mesmo dia. E nesse dia cultuavam o Deus Libertador com mais tempo e solenidade. Trabalhavam seis dias e descansavam no dia seguinte.

 

Quando os Apóstolos e os primeiros cristãos foram se organizando em comunidades eles também foram reservando o dia que Jesus Ressuscitou para ser o dia de descanso comum para todos e passaram a chamar de domingo, ou seja, Dia do Senhor. Nesse dia celebravam a Eucaristia com mais tempo e solenidade. Da mesma forma que os judeus, os cristãos também trabalhavam seis dias e descansavam no dia seguinte. Os judeus descansavam num dia, os cristãos descansavam em outro dia. Mas o princípio moral era o mesmo. Dia de descanso para o homem de barro recarregar as energias do corpo, reintegrar a sua personalidade, suavizar a mente, conviver mais com a família e adorar Deus. Desta forma os primeiros cristãos lembravam da importância e do sentido do sábado: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado!” (Mc 2,27)

 

O sábado foi instituído para a dignidade humana e glória de Deus. A cada seis de trabalho, um deve ser para descanso, e Deus não abre mão!


Pe. Marcos Oliveira 

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